Há uma violência silenciosa que ronda os espaços de cultura, militância e gestão compartilhada. Ela não grita, mas manipula. Não agride, mas deslegitima. É o gaslighting político, uma forma de controle simbólico que opera pela distorção da verdade, pelo apagamento de vozes e pela inversão das responsabilidades.
O mais grave é quando quem pratica isso está empoderado por estruturas partidárias, institucionais ou burocráticas. Gente que usa o lugar de poder para confundir, controlar narrativas e medir o valor das pessoas conforme sua utilidade no jogo. Quando dá certo, se colocam como articuladores; quando não dá, rearranjam os discursos, fabricam versões, manipulam afetos. Jogam com as fragilidades dos outros e chamam isso de política.
Mas não há política viva sem ética. Não há cultura viva onde a manipulação substitui o diálogo.
Quando os espaços de participação se tornam arenas de disputa egóica, o sentido da rede se esvazia. O que deveria ser horizontal vira palco de estratégias — e o que era coletivo vira um teatro de vaidades legitimado por siglas.
Esse comportamento destrói a confiança, desmoraliza a escuta e transforma a potência do comum em território de medo. E é preciso dizer com clareza: não há partido, mandato, edital ou função que justifique a prática da manipulação emocional e política.
A Cultura Viva é a cultura que nasce
Ela não pode ser sequestrada por quem se serve dela como trampolim de poder.
Ela existe para transformar, não para reproduzir o mesmo sistema que juramos combater.
Por isso, este é um chamado à responsabilidade ética e afetiva. A repensar o uso do poder.
A compreender que liderança não é domínio — é serviço, é cuidado, é escuta.
E que o verdadeiro empoderamento é o que se compartilha, não o que se impõe.
A palavra precisa voltar a ser compromisso.
A rede precisa voltar a ser território de confiança.
Porque não há Cultura Viva sem verdade.